quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


OS ÍNDIOS DO PARÁ


Na região que abrange a atual Amazônia (que compreende 60% do território brasileiro) antes da chegada dos europeus viviam povos ameríndios que foram denominados de “índios”, termo que tem sua origem com a conquista de Cristóvão Colombo que imaginava ter chegado às Índias, na Ásia, quando “descobriu” o continente que mais tarde veio a se chamar América.

Neste momento, a população indígena não utilizava a escrita. Sua história, mitos e costumes eram transmitidos oralmente. Por esta razão, para o estudo do passado indígena do Brasil, da Amazônia e do Pará chegou até nós através de narrativas ou relatos orais, que foram transmitidos de geração a geração. Outra forma importante, e freqüentemente utilizada, para se estudar e compreender a história dos povos ameríndios que viviam na Amazônia é o estudo dos vestígios materiais que ficaram daqueles índios do passado longínquo. Através de pesquisas destes materiais pode-se comprovar a presença de grupos humanos no passado da região, e, a partir de suas análises, podemos compreender a forma de vida dos mesmos.

Os Tupinambá


Os belicosos Tupinambás. Gravura de Theodore De Bry, Grandes Viagens, 1592.

Antes da chegada dos portugueses ao Estado do Pará, habitavam em nossa região diversos grupos indígenas. Para a área do atual território amazônico, os indígenas estavam agrupados em três grandes troncos: tupi-guarani, aruaque e caribe. Dentre os índios tupi-guarani na região, os mais conhecidos são os Tupinambá.

O primeiro grupo indígena que os portugueses entraram em contato ao chegar ao Pará foram os índios Tupinambá, cujo “morubixaua” (“principal” ou “cacique”) se chamava Guaimiaba, apelidado pelos portugueses de Cabelo-de-Velha.

Os Tupinambá eram extremamente belicosos, isto é, guerreiros. As guerras entre os Tupinambá tinham o objetivo de capturar prisioneiros para a execução e a antropofagia ritual. Os mortos e feridos durante o combate eram devorados no campo de batalha ou durante a retirada; os prisioneiros seguiam com seus algozes, para que as mulheres também os vissem, e pudessem ser mortos. A vingança, assim, era socializada: era necessário que todos se vingassem. A execução ritual, contudo, poderia demorar vários meses.

O objetivo da antropofagia ritual era o desejo de vingar a morte de seus parentes próximos ou os amigos em batalhas. Também há a crença entre os Tupinambás de que comendo o corpo de um guerreiro, adquiririam a sua força e habilidades nas batalhas. Tal ritual chocava profundamente os europeus que o presenciaram; tal choque fora registrado em relatos de viajantes e gravuras da época.

Índios da Bacia Amazônica


A bacia amazônica foi palco das culturas indígenas mais sofisticadas antes da conquista. Verificou-se a presença de sociedades complexas na região amazônica. Começaram a se formar em um grande número de pessoas e a ocupar extensas áreas. A expressão cultural mais importante desses grupos indígenas da Amazônia é a cerâmica desenterrada na Ilha de Marajó na foz do Amazonas e em Santarém, no rio Tapajós, sendo as evidências de sociedades indígenas mais avançadas existentes no Brasil.

A CULTURA INDÍGINA MARAJOARA

As primeiras populações que habitaram a Ilha do Marajó viviam de forma simples, com organização social baseada no trabalho doméstico e familiar. Dedicavam-se à caça, à pesca, à coleta de produtos da floresta e à horticultura. Cerâmica, tecidos e outros objetos eram produzidos para a família e para eventuais trocas com outros grupos.

Os povos que viveram na Ilha do Marajó entre 1.500 anos a.C. até o século XVIII produziam cerâmica em estilos diversos. A cerâmica marajoara demonstrava grande valor como objeto artístico e veículo de comunicação social e cultural. Desenhos geométricos e figuras humanas e de animais podem ser observados na decoração.

A produção da cerâmica se concentrava no trabalho das mulheres das tribos, responsáveis por todo o processo, da escolha da argila à modelagem, da queima das peças à pintura dos objetos.



Igaçaba Marajoara. Museu do Encontro, Forte do Presépio, Belém-PA

Dentre as peças cerâmicas mais famosas estão as igaçabas, urnas destinadas à guarda de ossos dos mortos em cerimônias funerárias. Há ainda as estatuetas, muitas utilizadas pelos pajés em rituais como maracás, e as tangas de cerâmica, usadas por mulheres em cerimônias e ritos de passagem.

A Cultura Indígena Tapajônica


O principal grupo indígena que habitava a região do rio Tapajós, no Estado do Pará, chamava-seTapajó, habitando a região pelo menos desde o século X até o XVII. Sua principal aldeia estava situada na foz do rio Tapajós, local atual do bairro de Aldeia, na cidade de Santarém.

Os relatos históricos informam que os Tapajó estavam organizados em aldeias com 20 a 30 famílias, vivendo juntas em casas coletivas. Os grupos familiares possuíam lideres (chefes), a quem deviam obediência.

A cerâmica indígena tipicamente de Santarém da cultura tapajônica apresentam regularmente a representação de figuras humanas e animais. Os objetos mais significativos da cerâmica de Santarém são os vasos de cariátides, os vasos de gargalo, estatuetas e cachimbos.


Vaso de Cariátide. Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém-PA

Os vasos de cariátides apresentam curiosamente pequenas figuras modeladas que sustentam uma vasilha sobre suas cabeças. Esses vasos e os de gargalo apresentam em sua estrutura decorações com figuras humanas ou animais, como urubus, antas, macacos e pequenos batráquios. As estatuetas, em sua maioria, representam formas humanas, sobretudo femininas.


Estatueta de Cerâmica representando uma figura humana. Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém-PA

Além de sua sofisticada cerâmica, os índios Tapajó tem como maior expressão de sua criatividade os Muiraquitãs, que são considerados os elementos de cultura material indígena mais sofisticado do Brasil.


Muiraquitã. Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém-PA

Os Muiraquitãs, também chamados de “Pedras das Amazonas”, eram adornos produzidos de pedras verdes (jadeíta, amazonita) em forma de batráquio, possivelmente utilizados como protetores contra doenças e mordedura de animais peçonhentos, assim como elemento para o aumento da fertilidade feminina e como figura mitológica astral. Na Amazônia, os muiraquitãs foram encontrados com maior freqüência nos vales dos rios Tapajós, Trombetas e Nhamundá.

Fonte: http://parahistorico.blogspot.com/

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